Henrique Pinho, fundador da DryDrill: “A bicicleta pode ser um veículo à imagem do seu proprietário” (com fotos)



Henrique Pinho, 41 anos, estudou arquitectura. Começou por desenhar lojas da Salsa em todo o País, mas acabou por largar as gangas para se dedicar ao aço e às bicicletas personalizadas.

Numa entrevista ao Green Savers, o responsável falou da importância da sua formação para a DryDrill e da utilização da bicicleta como um acessório de moda.

“O aumento [da utilização da bicicleta] será exponencial, além de que é um elemento que fica lindíssimo em qualquer espaço interior de uma habitação”, explicou Pinho, que quer facturar €400 mil (R$ 910 mil) este ano.

Como surgiu a ideia de criar a DryDrill e qual o objectivo?

A DryDrill surgiu da necessidade de desenvolver um projecto com o qual me identificasse e retivesse os meus próprios valores como pessoa. Durante uma noite mal dormida, e com o acumular de já uma quantidade de informação suficiente, surge a junção das palavras dry – de denim no seu estado raw – e drill, de fresa, de mecânico, ou seja, DryDrill.

Mas porquê estes dois mundos?

Porque são ambos industriais, mas através do design e engenho transformam-se em peças maravilhosas e muito pessoais. Além disso, sou apaixonado pelo denim e por aço e tento seguir aquilo que amo…

O objectivo da marca é fornecer produtos manufacturados. Não numa perspectiva de massificação mas de proximidade com o cliente final. Não queremos estudos de mercado para saber se estamos a ir na direcção certa, mas sim falar com as pessoas para que elas nos surpreendam. Por isso, o nosso conceito de venda assenta numa plataforma online que privilegia a troca de informação através de uma rede de lojas de curadoria que irão ser activadas com o decorrer do negócio.

De que forma a arquitectura o inspirou para lançar este projecto?

A arquitectura deu-me as ferramentas das formas da estética e proporção. E ensinou-me a compreender as cidades e a forma como as pessoas vivem nelas. Claramente, a bicicleta está incluída nesta floresta de variáveis. Somente a liguei ao mundo da moda, adicionando-lhe mais uma característica que a destaca no meio das outras.

O Henrique trabalhou cinco anos na Salsa. As calças de ganga continuam a servir de comparação quando fala sobre o negócio das bicicletas?

A linguagem quando se trata de retalho é muito semelhante para muitos produtos. As calças de ganga são produtos muito semelhantes às bicicletas, no que toca à sua interacção com cada pessoa. Portanto, eu diria que uma bicicleta DryDrill tem um fit muito específico para cada um, tal como uma calça de ganga. Acho que todos procuramos algo que seja único e nosso.

Como tem sido a adesão a este novo conceito: venda de bicicletas personalizadas?

Eu acredito claramente no sucesso deste conceito. O feedback tem sido positivo. Todavia, ainda existem muitas dúvidas do lado do cliente final, fruto de vendermos online. Mas contamos com o estabelecimento de parcerias em pontos de venda para apoiar a nossa produção.

Embora as pessoas pensem que vendemos a bicicleta completa, nós só fornecemos os quadros e rodas. Entretanto, estamos a preparar um brand book para possibilitar e guiar os clientes nas escolhas de outros componentes, sempre respeitando a linha da DryDrill. Temos recebido uma média de 15 emails diários a solicitarem esclarecimentos, mas ainda só estamos a comunicar no mercado português que irá servir de balão de ensaio para quando formos para o mercado europeu.

Quais são os países em que a DryDrill espera operar?

O mercado principal e único será o europeu, pela sua maturidade e receptividade a este tipo de produto, mas vai crescer conforme o interesse dos operadores locais, que nos podem ajudar a implementar a marca. Vamos estar restritos à comunidade europeia:  fazemos cá dentro, vendemos cá dentro.

Quantas bicicletas já venderam?

Diria que apalavradas já estão bastantes, mas estou a aguardar a activação das parcerias com os pontos de venda para começar a materializar vendas. Uma ressalva: ainda não iniciámos a comunicação internacional e ainda não encerrámos a nacional. Portanto, se agora já não temos mãos a medir só com o mercado português, nem quero imaginar quando a Europa nos começar a solicitar o produto.

Qual foi a encomenda mais surpreendente que recebeu?

Seria injusto identificar uma, porque acho que todas são únicas e surpreendentes. É como receber o retrato de uma pessoa que nós não conhecemos, mas que nos transmite muita informação através da sua imagem.

Quanto tempo poderá demorar a concepção de uma bicicleta customizada? E a entrega?

A concepção depende mais do grau de decisão do cliente do que de nós, em virtude de só fornecermos o quadro, forqueta, abraçadeira de selim e as rodas montadas. Necessitamos de uma média de duas semanas, com transporte incluído, para estes elementos.

Em média, quanto pode pagar uma pessoa por uma bicicleta personalizada?

Só para o material que eu disponibilizo, o cliente necessita de €680 (R$ 1.500). Depois, [o preço] está relacionado com o nível de qualidade e de raridade dos componentes a aplicar. Por isso, contamos com a ajuda dos nossos parceiros curadores de personalização.

Se pensarmos que é vulgar ouvir falar em valores na ordem dos €5.000 (R$ 11.300) para outro tipo de bicicletas, as quantias são avaliadas por cada cliente individualmente.

Na sua opinião, as bicicletas personalizadas feitas à medida de cada um podem incentivar os cidadãos a usarem mais este modo de deslocação?

Tenho a certeza que um veículo à imagem do seu proprietário é o complemento que falta na nossa identificação. O aumento da utilização da bicicleta será exponencial, além de que é um elemento que fica lindíssimo em qualquer espaço interior de uma habitação. E vai deixar de estar escondido na arrecadação para estar ao lado telefone e do computador.

Considera que o mercado das bicicletas, como meio de transporte do dia-a-dia, está a evoluir favoravelmente em Portugal, comparativamente com outros países da Europa?

Eu diria que ainda estamos na Idade da Pedra no que toca à utilização diária da bicicleta como meio de transporte, mas as directrizes europeias, que apontam para o desenvolvimento de infra-estruturas para este tipo de veículos, e o facto de os nossos estudantes irem fazer intercâmbios para países onde só se utiliza a bicicleta como meio de transporte vão lentamente aproximar-nos da realidade dos países do norte da Europa. Se falarmos do clima, claramente a bicicleta será a melhor opção. Mas as cidades têm ainda muito trabalho para fazer.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 





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