Nestlé vai plantar 2.500 árvores no Parque Natural Sintra-Cascais como “símbolo da duração que queremos ter neste país”



Esta terça-feira, a Nestlé Portugal, representada pela diretora-geral, Anna Lenz, e por mais de uma dezena de trabalhadores da empresa, esteve no Parque Natural de Sintra-Cascais para plantar as primeiras árvores do que será um total de 2.500 que serão plantadas ao longo dos próximos meses, uma por cada trabalhador da filial portuguesa, numa área de cerca de três hectares.

Apesar do tempo chuvoso e de um vento forte que soprava sobre uma paisagem florestada e serena que surge como um bem-vindo contraste com o reboliço da vida urbana, arregaçaram-se as mangas e, de enxada na mão, foram colocadas na terra húmida as plântulas de carvalhos-cerquinhos (Quercus faginea), espécie autóctone e, fruto de incontáveis anos de evolução, uma das mais bem adaptadas ao clima que caracteriza Portugal e, por isso, mais resilientes aos efeitos das alterações climáticas, como o aumento da temperatura e a maior frequência e intensidade dos fenómenos de seca.

No evento, que marcou o arranque das celebrações dos 100 anos da Nestlé em Portugal, Anna Lenz disse que “a plantação de árvores simboliza várias coisas que são importantes para nós”. Uma delas, segundo a responsável, “é a preocupação com o meio ambiente” e que “as árvores são símbolo da permanência, da duração que nós [Nestlé] queremos ter neste país”, justificando que a escolha do carvalho-cerquinho foi motivada pelo facto de poder viver até 300 anos.

Anna Lenz, diretora-geral da Nestlé Portugal.

A ação contou com a participação de três gerações: os trabalhadores reformados da empresa, “porque foram eles que construíram a história dos nossos 100 anos”, os atuais, “que estão a construir o presente”, e também os seus filhos, “que são quem irá construir o futuro”.

A escolha do concelho de Cascais prendeu-se com a relação de longo-prazo já estabelecida entre a empresa e o município, explicando Anna Lenz que recentemente foi lançado um projeto-piloto em parceria com a autarquia para a reciclagem das cápsulas de café, de várias marcas, “porque sabemos que uma das grandes barreiras é a dificuldade em reciclar esses produtos”.

A empresária reconheceu que o sistema inicialmente implementado, que requeria que os consumidores entregassem as cápsulas usadas numa loja Nespresso “era visto como um esforço”. Além disso, destacou que “o concelho de Cascais demonstra muita preocupação com o ambiente”, pelo que era o local mais acertado para realizar a plantação de árvores, não só dando continuidade à relação institucional, mas também contribuindo para os esforços de renaturalização desse parque natural.

Esta iniciativa acontece no âmbito de uma estratégia mais ampla de sustentabilidade, especialmente ambiental, de todo o grupo internacional Nestlé, que tem como uma das principais metas a neutralidade carbónica até 2050, um objetivo que se estenderá “a toda a cadeia de valor”, afiançou Anna Lenz. E acrescentou que “a maior pegada carbónica de uma empresa como a nossa”, fortemente centrada na produção alimentar, “vem dos agricultores”.

“Excluindo essa parte seria muito mais fácil chegarmos a esse objetivo”, mas isso não seria uma verdadeira neutralidade carbónica, disse a diretora-geral, assinalando que em Portugal a principal matéria-prima com que a empresa trabalha é os cereais e que promove uma agricultura regenerativa junto dos agricultores que fornecem esses produtos.

Na ação de plantação estiveram representadas três gerações: trabalhadores da Nestlé Portugal já reformados, os atuais e os seus filhos.

Outros dos principais impactos ambientais da Nestlé está associada às embalagens, particularmente às de uso único. Nesse campo, Anna Lenz afirmou, embora sem adiantar grandes detalhes porque o processo está em fase de desenvolvimento, “a nossa responsabilidade como produtor é usar embalagens que estão prontas a reciclar”. Isto, porque, sustentou, não é possível “esperar que o Governo forneça a infraestrutura”, e se se ficar à espera “nunca vamos chegar lá”.

“Por isso, nós temos um compromisso de fazer tudo ‘ready to recycle’”, salientou, apontando que a sua fábrica de café no Porto, que produz para Portugal e também para mercados estrangeiros, está perto de ser a primeira no país a usar somente embalagens prontas para reciclar. Sendo que o objetivo é que todas as fábricas da empresa no país passem, futuramente, a guiar-se por esse modelo de produção, e que no final do ano passado 95% das embalagens usadas pela Nestlé em Portugal estavam prontas a serem recicladas.

A iniciativa de plantação das árvores decorre no âmbito do programa ‘Oxigénio’, promovido pela Cascais Ambiente, empresa pública afeta ao município cascalense, entidade que é responsável pela gestão do Parque Natural Sintra-Cascais.

O presidente da Cascais Ambiente, Luís Almeida Capão, contou que esse projeto foi criado em 2008 por iniciativa da Câmara Municipal e que tem como objetivo envolver toda a sociedade, desde as empresas aos cidadãos, passando pela academia, na promoção, conservação e até restauro da natureza num parque que foi classificado pela UNESCO como Património Mundial e que passou de Área de Paisagem Protegida, classificação recebida em 1981, a Parque Natural em 1994, pela mão do então Ministério do Ambiente e Recursos Naturais.

“Inicialmente, estávamos muito focados nas ações de plantação”, afirmou Luís Almeida Capão, “porque tinha havido alguma abandono do Parque Natural Sintra-Cascais”, sendo que, neste momento, além dessas iniciativas de plantação “para reconverter a floresta exótica, seja de eucaliptos ou acácias, em floresta autóctone”, está também a ser desenvolvido um conjunto de medidas de promoção da harmonia entre a conservação e restauro da natureza e atividades como, por exemplo, a pastagem, a silvicultura e a agricultura.

As espécies usadas nessas ações de renaturalização do parque natural vêm do Banco Genético Vegetal Autóctone, da Cascais Ambiente, um viveiro qual são criadas árvores cuja linhagem ‘nativa’ lhes confere uma maior adaptabilidade ao clima de Portugal e “são muito mais resilientes”.

“O objetivo é ter uma paisagem diversa, não é termos floresta só por termos”, destacou o responsável, garantindo que “a biodiversidade existe, acima de tudo, nos pontos de interface entre diferentes ecossistemas: entre a floresta e o sistema arbustivo, entre o sistema arbustivo e o sistema agrossilvopastoril”.





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