O efeito perverso de um tratado de paz
Desde que o tratado de paz foi assinado na Colômbia, em 2016, o nível de desflorestação no país aumentou 44% em relação a 2015, atingindo já os 178 597 hectares. A culpa está na desmobilização dos guerrilheiros da FARC, que desempenhavam o importante controle sobre as áreas florestais.
Não que os guerrilheiros fossem ambientalistas, mas as florestas eram importantes refúgios na luta contra as forças governamentais, como esclareceu Susana Mullohand, uma activista a estudar o tema, ao jornal The Guardian: “Não eram ambientalistas mas regulavam essa actividade e, como tinham as armas, as pessoas cumpriam”. Agora esses terrenos estão a ser invadidos pela exploração madeireira ilegal e pelas fazendas de gado. “Já informamos o governo que necessita de controlar estas áreas” continuou, “mas sem qualquer efeito. Isto agora parece o faroeste e estamos numa corrida à terra”.
A Colômbia comprometeu-se, ao abrigo do Acordo de Paris, em parar toda a desflorestação até 2020.
Em visita ao país, o ministro do Ambiente da Noruega, Vidar Helgesen, prometeu uma ajuda de 3 milhões de euros, num período de dois anos, a serem aplicados num projecto que prevê a contratação de antigos guerrilheiros das FARC para monitorizarem as florestas e reportarem qualquer actividade ilegal. Contempla também incentivos aos agricultores que criem explorações mais sustentáveis. “Esperamos que este projecto possa levar a outras actividades, de forma a que a paz seja acompanhada de dividendos ambientais”, avançou o ministro.
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