A procura de água coloca em risco mais de 17 milhões de raparigas e mulheres



Em África, mais de 17 milhões de raparigas e mulheres recolhem água diariamente, o que aumenta o risco de sofrerem de abusos sexuais, ficarem doentes e abandonarem a escola, avança um dos primeiros estudos sobre o número de mulheres e crianças responsáveis pela procura e recolha de água neste continente.

Os investigadores identificaram cerca de 3 milhões de crianças e 14 milhões de mulheres colectoras de água na África Subsariana, sendo que, neste estudo, foram usados dados do World Bank, da UNICEF e da Agência Internacional Americana para o Desenvolvimento.

A prática diária da recolha de água provoca danos musculares, danos nos tecidos moles e provoca artrite precoce, segundo Jay Graham, autor principal do estudo e professor no Milken Institute School of Public Health, na George Washington University. Riscos aos quais acrescem doenças transmitidas através da água, pela presença de parasitas de água doce como é exemplo a esquistossomose, avança a Reuters.

Nos 24 países alvo do estudo, incluindo Serra Leoa, Malawai e Nigéria, são mais as raparigas colectoras do que os rapazes. Aliás, em todos os países as mulheres foram as primeiras a desempenhar esta tarefa.

Perante esta realidade as crianças deixam de ir à escola e muitas mulheres não podem ter um trabalho pelo tempo que a recolha de água exige e pela energia dispensada a essa tarefa, conclui Graham. Que acrescenta ainda como preocupação o facto das mulheres e crianças terem de caminhar grandes distâncias para encontrar água o que as coloca diante de um grande risco de abusos sexuais.

Sobre este tema uma recente declaração da Comissão de Direitos Humanos da Serra Leoa refere que “as crianças, em especial raparigas, ficam na rua até muito tarde ou desde muito cedo – desde as quatro da manhã – para procurar água, o que as torna muito vulneráveis. Vulnerabilidade que aumenta a probabilidade de gravidez na adolescência, o trabalho infantil, o abandono escolar, assim como baixos índices de rendimento escolar.”

As Nações Unidas estimam que a procura de água aumente até 2050 devido ao crescimento população mundial.

Foto: UNAMID / Creative Commons





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