Antártida pode esconder quantidades “significativas” de fitoplâncton debaixo do gelo



Há quase uma década, uma expedição científica apoiada pela NASA tinha descoberto “populações massivas” de fitoplâncton que proliferavam debaixo do gelo que flutuava no Oceano Ártico. Agora, tudo aponta para que um fenómeno semelhante esteja a acontecer, literalmente, do outro lado do mundo.

Um grupo de cientistas dos Estados Unidos, Nova Zelândia e Canadá, recorrendo a instrumentos subaquáticos da agência espacial norte-americana, acreditam ter descoberto provas da presença de quantidades “significativas” destes organismos fotossintéticos microscópicos, que podem ser bactérias, algas unicelulares ou protistas, sob o gelo na Antártida, e que são a base de inúmeras teias alimentares por todos os ecossistemas marinhos.

Fitoplâncton

Se antes se pensava que o gelo que cobre a superfície das águas nessa região remota do planeta impedia que o fitoplâncton se desenvolvesse, por bloquear grande parte da luz solar que permite que esses seres vivos produzam o seu próprio alimento, agora a história é outra. Num artigo publicado na revista ‘Frontiers in Marine Science’, os investigadores revelam que existem fendas, falhas e buracos suficientes nas plataformas de gelo na Antártida para permitir que luz solar suficiente passe a barreira gelada e chegue à água, onde o fitoplâncton se acumula em grandes quantidades para absorver a radiação.

“Em torno da Antártida, o gelo marinho compacto parece ser praticamente impenetrável pela luz”, afirma Chris Horvat, da Brown University e o principal autor do artigo. As imagens recolhidas pelos satélites podem permitir a ilusão de que estamos a ver coberturas de gelo uniformes. No entanto, usando tecnologia disponibilizada pela NASA, os cientistas provaram que, afinal, a superfície desses mantos brancos está repleta de fissuras que permitem que a luz solar atravesse o gelo.

Horvat recorda que, no mundo científico, já havia quem adiantasse a possibilidade de haver fitoplâncton nesta região remota do planeta Terra, “mas esta é a primeira vez que os vemos sob o gelo em águas antárticas”.

E salienta que é muito provável que essas populações sempre tivessem existido, mas os cientistas ainda não tinham tido capacidade para encontrá-las. “Estas descobertas abrem toda uma panóplia de novas formas de pensar sobre a vida à volta e sob o gelo”, diz o especialista, afiançado que “o gelo é mais interessante e diverso do que as pessoas pensam, e pode suportar uma grande variedade de comunidades ecológicas”.





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