Aves tropicais com asas mais curtas são mais vulneráveis à fragmentação das florestas



As aves das florestas tropicais, que tendem a ter asas mais curtas relativamente ao tamanho do seu corpo, estão mais suscetíveis à fragmentação dos seus habitats do que aquelas que vivem em florestas temperadas, com asas mais esguias e longas.

A conclusão é de uma investigação que juntou mais de uma dezena de cientistas de vários países e que alerta que as espécies que habitam em zonas mais perto dos trópicos têm uma menos capacidade para se adaptarem à fragmentação das florestas causada pelos humanos.

O trabalho compreendeu a análise das asas de mais de mil espécies de aves de todo o mundo e teve por base um estudo de 2019 que indicava que as espécies de aves florestais, por viverem em habitats menos expostos a eventos drásticos, como incêndios e tempestades, são menos capazes de se adaptarem a essas alterações.

Os autores argumentam que as espécies tropicais, com vários formatos corporais e de cores garridas, como a arara Ara ararauna, o íbis Phimosus infuscatus e o Chlorophanes spiza, entre muitas outras, tinham maiores dificuldades em deslocar-se e fixar-se noutros locais para responderem à fragmentação do habitat, o que implicaria asas mais compridas para poderem voar longas distâncias em busca de uma nova casa.

Matt Betts, da Oregon State University e um dos autores do artigo publicado na ‘Nature Ecology & Evolution’, explica que as aves mais perto dos pólos da Terra são, regra geral, as que estão mais bem-adaptadas a dispersar, ou seja, a encontrarem novos locais para se fixarem, devido, sobretudo, às suas asas mais longas e esguias e que evoluíram para transportar o animal ao longo de maiores distâncias.

Assim, as espécies que têm maiores dificuldades em mudar-se para novas áreas e, dessa forma, escapar à perturbação do seu habitat estão mais vulneráveis à fragmentação das florestas.





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