China pode evitar três milhões de morte por ano. Para isso terá de reduzir a imensa poluição atmosférica do país
Evitar a morte de três milhões de mortes todos os anos está nas mãos das entidades chinesas. A convicção é dos responsáveis por um estudo ontem publicado na revista científica The British Medical Journal (BMJ), que afirmam que para que tal aconteça as entidades chinesas terão de reduzir a poluição atmosférica para os níveis recomendados pela Organização Mundial de Saúde.
Perceber quais os efeitos da poluição atmosférica no território chinês foi o objectivo dos responsáveis deste estudo que, entre Janeiro de 2010 e Junho de 2013 estudaram 38 grandes cidades do país. Os dados agora conhecidos são alarmantes: a concentração de partículas finas PM10, provocadas sobretudo pelo tráfego automóvel, sistemas de aquecimento e agricultura, alcançou em média os 92,9 microgramas (µg) por metro cúbico (m3) nas 38 cidades em estudo, com um máximo de 136 µg/m3 em Urumqi, noroeste chinês, e um mínimo de 66,9 µg/m3 em Qinhuangdao, 300 quilómetros a leste de Pequim. Ora, os valores médios anuais recomendados pela OMS andam na casa dos 20µg/m3.
Depois de analisarem quais as causas de morte dos mais de 350 mil óbitos ocorridos nestas cidades entre 2010 e 2013, foi possível aos investigadores chegar a uma conclusão. Sempre que se verificava uma subida da concentração em PM10 de 10µg/m3, o número de mortes diárias aumentava cerca de 0.44%. As crianças, mulheres, idosos e doentes cardiovasculares eram especialmente atingidos pelos elevadíssimos níveis de poluição, com mais 0,62% de mortes no caso destes doentes sempre que havia um aumento das PM10 em 10µg/m3.
Com base nestes números, os investigadores avançaram assim com a estimativa de três milhões de mortes que podiam ser evitadas todos os anos, caso os níveis de poluição atmosférica no país descessem para os valores de referência da Organização Mundial de Saúde.
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