Estados-membros devem rejeitar proposta da Comissão Europeia para certificação de sistemas de captura de carbono, defende organização



A organização Corporate Europe Observatory (CEO) está a instar os Estados-membros da União Europeia a bloquearem uma proposta da Comissão para certificar sistemas de captura de carbono. Argumenta que tal não será suficiente para cumprir as metas climáticas e que dará ‘luz verde’ às petrolíferas para continuarem a explorar combustíveis fósseis.

“A nossa análise do lóbi da indústria dos combustíveis fósseis mostra que [esse setor] está a usar a ‘captura de carbono’ como forma de manter os combustíveis fósseis a fluírem”, acusa a CEO no seu mais recente relatório, apontando que os planos de ‘emissões zero’ dessas empresas “atrasam a ação climática”.

“Apesar da retórica, [os sistemas de captura, utilização e armazenamento de carbono] não têm qualquer impacto na redução das emissões, mas mantêm-nos no caminho da queima de mais combustíveis fósseis”, alertam os ambientalistas, destacando que a única forma de manter o aquecimento global abaixo dos 1,5 graus centígrados é através de “reduções drásticas das emissões, com uma rápida e justa transição” da energia fóssil para fontes não poluentes.

A organização argumenta que colocar os planos de captura de carbono como pilar central da estratégia energética da UE não permitirá alcançar a neutralidade carbónica até 2050, e que apenas adiará o problema, com consequências nefastas para o ambiente.

Muitas petrolíferas, sustenta a CEO, que “querem o caminho desimpedido para continuarem a extrair petróleo e gás fazem promessas grandemente irrealistas sobre ‘capturar’ as suas emissões em locais de poluição, ou sobre removê-las da atmosfera posteriormente”, mas “a ciência mostra-nos que cortes drásticos nas emissões são necessários agora”.

No final de novembro, a Comissão Europeia deverá apresentar a sua proposta para a criação de um regulamento para a certificação de sistemas de remoção de carbono. Contudo, a organização contesta a proposta, defendendo que isso não evitará o aquecimento global acima das metas estabelecidas no Acordo de Paris de 2015 e que canalizará fundos para o financiamento dessas redes de captura e armazenamento de carbono, ao invés de serem investidos na transição energética.

“A Comissão está a pôr a indústria no lugar do condutor”, acusa a CEO, que destaca que a certificação da captura de carbono “multiplicará os perigos de mercados de compensação de carbono já existentes, que já alimentam o colonialismo carbónico, as apropriações de terras [de povos indígenas] e violações dos direitos humanos”.

Descrevendo o investimento na captura de carbono como “um desperdício de dinheiro público, a organização afirma que a Comissão Europeia deveria “priorizar e financiar as energias renováveis sustentáveis, reduções no consumo e outras soluções reais”, pelo que “é por esta razão que apelamos que a todos os decisores da UE digam ‘não’ aos atuais planos da Comissão para a certificação da remoção de carbono, ‘não’ às compensações e aos mercados de carbono”.





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