Estará a eliminação progressiva dos óleos vegetais nos biocombustíveis a caminho?



A medida que defende a eliminação progressiva do uso de óleos vegetais nos combustíveis, preferencialmente até 2020, apresentada há poucos dias no Parlamento Europeu, mereceu o voto positivo de todos os partidos. O objectivo da resolução passa pelo fim dos incentivos aos biocombustíveis que causam o desflorestamento e a drenagem de zonas húmidas, como o óleo de palma, a soja e a colza.

Tendo por base um relatório de iniciativa sobre o óleo de palma e o desflorestamento, a resolução foi aprovada por grande maioria, com 640 votos a favor, 20 contra e 28 abstenções. Segundo a associação ambientalista Quercus, esta votação “envia um sinal evidente de que o Parlamento quer uma rápida eliminação dos biocombustíveis produzidos a partir de culturas alimentares, na nova proposta da Directiva de Energias Renováveis.”

Mas qual o verdadeiro impacto ambiental dos biocombustíveis? O biodiesel produzido a partir de óleo vegetal virgem, que é o mais utilizado no mercado europeu (80% em 2015), é responsável por mais 80% de emissões do que o próprio gasóleo.

O óleo de palma é o biocombustível mais poluente, cujas emissões de gases com efeitos de estufa são três vezes mais elevadas do que as do gasóleo. O seu uso intensivo tem acelerado a sua produção, principalmente no Sudeste Asiático, mas também na América Latina e em África, causando óbvios prejuízos ambientais. De acordo com dados da OILWORLD de 2015, os depósitos dos automóveis e os camiões foram o destino principal (46%) do óleo de palma usado na Europa.

Para Cristina Mestre, responsável do T&E por biocombustíveis, “a UE tem que eliminar todos os incentivos que criem artificialmente a procura de óleos vegetais no sector dos transportes. Qualquer solução que envolva apenas a proibição de óleo de palma ignora o facto de este ser simplesmente substituído por colza ou soja, que produzem igualmente emissões mais elevadas do que o gasóleo.”

Com o apoio político para adoptar uma rápida eliminação de combustíveis produzidos a partir de culturas alimentares, e mesmo não tendo este relatório um carácter vinculativo, a Quercus acredita que “este é um bom ponto de partida para as futuras negociações e discussões sobre a reformulação da RED, lançada pela Comissão em Novembro de 2016.”

Foto: via Creative Commons 





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