Mundo “está a ser quebrado pela emergência climática” e “tempo é um bem cada vez mais escasso”



Esta terça-feira, dia 16 de janeiro, arrancou a 60.ª sessão do Painel Intergovernamental sobre as Alterações Climáticas (IPCC), na Turquia, que marca o início de mais um ciclo de avaliações desse órgão sobre o estado do clima do planeta.

Logo no seu discurso de abertura, Inger Andersen, diretora-executiva do Programa Ambiental das Nações Unidas (UNEP), deixou uma mensagem de alerta: “O mundo está a ser atingido, fustigado e, muito francamente, quebrado pela emergência climática”.

Recordando que “todos sabemos que as emissões de gases com efeito de estufa têm de cair a pique até 2030” para manter ao nosso alcance a meta de aquecimento global de 1,5 graus Celsius até ao final do século, a responsável avisou que “o tempo é um bem cada vez mais escasso”.

Ainda assim, deixa espaço para esperança e considera que nem tudo está, ainda, perdido. “Temos de manter-nos otimistas, porque existe um claro apetite global por um clima estável”, disse, apontando que tal ficou claro na mais recente COP28, nos Emirados Árabes Unidos, que, segundo ela, resultou na primeira declaração de sempre por uma transição para lá dos combustíveis fósseis.

Mas não deixou de frisar que o que saiu da cimeira climática do final do ano passado “não foi um resultado tão forte quanto o esperado por muitos”, salientando que, no entanto, “foi um momento significativo, conseguido e informado, em grande medida, pela ciência do IPCC”.

Para Andersen, o trabalho realizado pelo painel de especialistas será fundamental para “fornecer a ciência para apoiar o trabalho que tem de ser feito” no que toca à ação climática.

Perante uma plateia de cientistas e representantes políticos, sublinhou que “já mostraram que é preciso um mundo net-zero [neutro em emissões de carbono] e, mais importante, que é possível”. O caminho agora a seguir, de acordo com Andersen, é definir orientações claras “que nos levem até esse mundo melhor”.

Por sua vez, Jim Skea, que foi eleito para a liderança do IPCC em julho de 2023, lembrou que “os nossos anteriores relatórios fizeram contribuições diretas e bem reconhecidas para o aumento da consciência climática global e para apoiar a ação climática”.

Jim Skea, presidente do IPCC, ao centro, durante a abertura da 60.ª sessão, esta manhã na Turquia.
Foto: IPCC / Twitter

Sobre o novo ciclo de avaliações que começa, Skea disse que o painel pode fornecer aos Estados-membros “o mais robusto e recente conhecimento científico que pode apoiar a ação climática e aliviar os seus impactos sobre a saúde e bem-estar do nosso planeta”.

“As alterações climáticas são a ameaça mais urgente e mais genuinamente global. Para algumas delegações nesta sala são uma questão existencial. Não há tempo a perder. As opções para responder às alterações climáticas que temos hoje à nossa disposição não estarão lá amanhã”, avisou.





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