Programas de televisão ingleses vão ter selo de sustentabilidade
Que ingredientes fazem de um programa de TV um sucesso? A qualidade dos protagonistas, propósito, suspense e inteligência são quatro deles, mas um programa de televisão é mais do que um pedaço de 50 minutos que nos entretém até ao fim, ele tem por trás uma produção – muitas vezes – complexa e dezenas, centenas ou milhares de pessoas a trabalhar para um único objectivo: o espectador.
Porém, um programa de TV não se esgota na casa do telespectador, com os créditos finais. Ele pode ser feito no país onde é originalmente transmitido ou noutro, por uma equipa de produção de duas ou 200 pessoas.
À medida que as noções de sustentabilidade se estendem a várias indústrias, a da televisão não podia ficar para trás. Foi isso que pensou a britânica BBC, em 2010, quando criou o albert, um selo de impacto ambiental da produção televisiva e que calcula a pegada carbónica de cada programa.
A abordagem da BBC foi pioneira internacionalmente e, de certa forma, ainda não foi copiada. Isto apesar de um estudo da Universidade de West Indies avançar que o sector de tecnologia – no qual a indústria da TV se move – é responsável por 2% das emissões globais de gases poluentes.
Uma produção televisiva que se queira candidatar ao selo albert tem vários desafios: as equipas têm de evitar enviar lixo para as lixeiras e promover a eficiência energética das filmagens. Há produções que já utilizam energias renováveis, guiões digitais, cenários construídos com materiais sustentáveis ou catering de produtos locais – e tudo isto conta para a certificação final.
Agora, explica o Guardian, o selo albert entre numa nova fase. O seu logo será colocado nos créditos de programas de 15 empresas: as quatro maiores estações de TV britânicas e produtoras como a Shed, Endelmol, all3media, IMG, NBC Universal, UKTC, Kudos ou Twofour.
O primeiro programa a contar com o novo logo irá para o ar na segunda-feira, 3 de Novembro, na Sky: é a comédia Trollied, que há muito já utiliza a calculadora da carbono albert para ajudar a monitorizar as emissões de CO2.
“A Sky e a Roughcut TV, que produzem o programa, querem que ele seja o mais sustentável possível. A utilização de luzes e papéis foi evitada e adereços como frigoríficos, bancadas e prateleiras foram todos procurados em lojas próximas”, explica o Guardian.
Segundo o jornal britânico, várias produções internas da BBC também já usam o sistema albert, assim como da ITV. Para quando uma solução igual para o cenário televisivo português?
Foto: Ben Sutherland / Creative Commons